Sunday, June 7, 2009

Medo

Rejane de Santa Helena
Por que temos medo? Como ele se instala e influencia nossas vidas? Como combatê-lo?
O medo é um sentimento de grande inquietação quando estamos diante de um perigo real ou imaginário ou de uma ameaça. É portanto um sintoma proveniente da insegurança frente a certas situações da vida.
É natural que alguém que não saiba nadar, tenha medo de de se afogar; ou um outro de se atirar de para-quedas, se não recebeu o devido treinamento. Este é o receio ou medo natural decorrente do instinto de sobrevivência. No entanto, ás vezes, o medo agiganta-se e torna exageradas proporções, deixando o individuo impossibilitado de agir, paralisado de medo, ou em pânico. São os casos de claustofobia ou medo de ambientes fechados, ou o medo de alturas, etc.
Hoje em dia, enfrentamos ainda outros medos - o medo e a insegurança do terrorismo internacional, das catástrofes da natureza (tsunamis, tornados, avalanches de neve), das doenças e epidemias que varam o mundo (gripe asiatica, ebole), dos acidentes de avião, de carro, etc. Sofremos ainda o medo de perder o emprego, o medo de perder um ente querido, o medo de fracassar, etc, etc.
A sociedade competitiva e eticamente egoista onde vivemos e as consequências desastrosas desta maneira de viver geram insegurança emocional que induz no individuo o medo. Este medo manifesta-se de diversas formas devido a pressões psicológicas, fatores sociológicos e impositivos econômicos da sociedade atual.
Fatores sociológicos e econômicos
Os fatores sociológicos e econômicos são provenientes da nossa sociedade extremamente competitiva e instável, que promete muito ao indivíduo, mas na realidade não lhe oferece nada mais que ilusões. A sociedade tecnológica compele o individiduo a querer ter cada vez mais, a adquirir bens materiais, esquecendo-se dos bens verdadeiros - os bens morais e éticos do espirito.
Por exemplo, um comercial de televisão promete o sucesso imediato e o amor, àqueles que adquirem o carro do ano, ou que fumam o cigarro da marca X, ou bebem a cerveja da marca Y, no bar famoso entre gente bonita, que sorriem e alegram o ambiente e o visual. Outro comercial promete a casa agradável, os filhos sorridentes e lindos, uma vida sem problemas, ao mostrar pela manhã, ao acordar, uma cozinha moderna, limpa e bonita, com a familia a mesa tomando o suco de laranja da marca Z, todos alegres e satisfeitos, belos e bonitos.
O espectador, homens, mulheres e crianças do mundo, e não do sonho televisivo, está em sua casa, nem tão bela, nem tão confortável, eles não nem tão belos, nem estão sempre felizes e alegres pela manhã. O espectador então, compara e deseja.
O espectador é ainda aquele jovem que não se sente como os outros da televisão, pois não é nem tão belo, nem sabe ainda conversar tão bem. Assim, vê a cena, ou como um exemplo a seguir, e por isto tenta ser como aqueles seres bonitos, jovens e glamurosos da televisão, ou inibe-se. Um e outro, partem para as discotecas e bares para beber e divertir-se como aqueles que vem na televisão. Vão em busca do sonho.
O mundo oferece, e pede que se entre na competição para adquirir o carro do ano e o sucesso, a mulher ou o homem jovem e atraente, a casa agradável, a família perfeita!
O individuo reage a esta expectativa de obter, de adquirir de forma contraditória. Por um lado, quer competir, por outro lado tem medo de fracassar. Assim, “vivem as festas furiosas, as extravangâncias de conduta, os desperdícios de moeda e o exibicionismo” [1]
, esperando vencer o medo íntimo e seus desafios internos e externos. Outros descambelam para a deliquência e para as drogas. Procuram rapidamente obter o que a sociedade oferece, gerando uma onda de violência urbana e de vicios.
Deste modo, uns vivem a loucura da deliquência, dos vícios, das drogas, do materialismo exagerado e suas variadas manifestações. Enquanto outros vivem isolados, buscando proteger-se e proteger sua família, emparedando-se no lar ou em clubes fechados, onde sentem-se protegidos e seguros.
Exagero? Certamente não. Basta observar.
Nesta sociedade alucinada pelo ter e não pelo ser, o medo instala-se nos “temperamentos frageis, nas constituições emocionais de pouca resistencia, de começo no individuo, depois na sociedade” [1]. Por isto segundo a mentora espiritual Joanna de Angelis, “esta é uma sociedade amendrontada. O excesso de technologia gerou ausência de solidariedade humana, que provoca uma avalanche de receios”.
É no espirito que estão as causas do medo.
Embutidos nos fatores socilógicos e econômicos, vamos descobrir os fatores psicológicos oriundos do ser espiritual, pois é no cerne do ser – o espirito, que se encontram as causas do medo.
O medo procede de experiências passadas de reencarnações mal-sucedidas ou fracassadas.
Assim, o medo pode advir da culpa não liberada, em face do crime haver permanecido oculto ou não justiçado, mas permanecendo na consciência do ser para posterior reparação. O medo pode ser ainda decorrente de grande impacto negativo no âmago do ser, como planos maquiavélicos, traições infames com disfarçado sorriso, que geram a atual consciência de culpa e problemas de relacionamento.
Outros experimentam fobias diversas. O medo de lugares fechados, tais como de entrar em elevador, de atravessar um tunel, é a claustrofobia, que pode ser oriunda de um sepultamento vivo, quando morreram vitimados pela asfixia ou falta de oxigênio. Outros tem medo de alturas, por terem sofrido suicidio ou morte semelhante. São estes os medos fóbicos ou fobias. Medos que se não tratados impedem o individuo de viver uma vida normal.
O medo de enfrentar os seus problemas e resolvê-los, impele as pessoas a conectarem-se com outras mentes desencarnadas que lhes inspiram e sugerem a fuga através das drogas, da bebida, do cigarro, do comportamento exagerado.
O medo de não fazer parte da sociedade dos ganhadores impele a chamar atenção, através do comportamento e roupas exóticas e espalhafatosas.
O medo e a frustação de não ter levam ao crime.
O medo de não ser amado, leva a buscar amor. Como não conhece o amor verdadeiro busca-o na troca constante de parceiros, e até na prostituição.
O medo gera desorganização emocional e psíquica, gerando doenças por somatização destes fatores.
E então, como combater o medo? Como evitá-lo?
Novamente,vem nos esclarecer a mentora espiritual, Joanna de Angelis, quando diz que o nosso antídoto para o medo são as informações trazidas pelo espiritismo, a certeza da reincarnação, a certeza de que estamos realizando experiêcias, praticando para aprender melhor e de que a vida terrena não é mais do que um longo dia perante a eternidade real da vida do espirito.
O combate ao medo faz-se através da fé aliada “a terapia oferecida pelo trabalho fraternal, o culto doméstico do evangelho, o pensamento de otimismo e o recolhimento na oração, juntamente com o uso da água magnetizada e do passe.” [2]
Com a certeza da imortalidade, construimos a nossa fé sólida e firme. A fé na vida eterna, a certeza de que somos filhos de Deus, pois Ele nos ofereceu a dádiva da vida, traz-nos a confiança de que “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”, pois o bom pai nada deixa faltar aos seus filhos!
Através do trabalho solidário e fraternal, aprendemos a entender as dores e angustias dos nossos companheiros, a ter compaixão, e finalmente a amar verdadeiramente.
O culto do evangelho no lar educa nosso espirito nas verdades divinas e ensina-nos a agir e tomar atitudes moralmente éticas e cristãs. É o evangelho de Jesus que traz-nos lições de otimismo vivo, o fator psicológico capaz de renovar nossos padrões de comportamento, impedindo que o medo, a depressão e angustia se instalem.
O otimismo oriundo da confiança de que se hoje uma porta se fecha, amanhã outra se abrirá. Assim, se hoje perdemos o emprego, ou o amigo não nos reconhece mais, amanhã outras oportunidades surgirão, outros amigos estarão presentes. E o dínamo gerador deste otimismo é a fé. A fé clara, raciocinada, porque baseada na certeza da vida espiritual e do amor que tudo dignifica.
A frequência ao centro espirita esclarece nossa mente e a mente daqueles espiritos que nos acompanham. Educamo-nos e educamos outros, que por afinidade conectam-se a nós.
A água fluidizada e o passe são os bálsamos espirituais que auxiliam a cura e fortalecem o nosso espirito, quando embrenhado na luta para conhecer-se, para se autodescobrir.
Assim quando o medo tentar tomar conta de ti, pensa que estás encarnado na terra para triunfar. O triunfo, no entanto, não está nos aplausos ou nas luzes da ribalta, nem nos sucessos mundanos, que cegam o coração e a mente. O triunfo é sobre si mesmo, e para consegui-lo é preciso lutar. Portanto, ora e pede orientação do Amigo Maior, que é Jesus, deixa os receios e expulsa o medo, para que possas agir com dignidade. E, se a situação for tão aflitiva que não ves saída, confia e segue em frente com alegria, pois a vida eterna está a tua frente, e jamais estará só aquele que contribue para a construção do reino de amor e paz.

[1] Divaldo Pereira Franco e Joanna de Angelis (espirito) , O homem integral
[2] Divaldo Franco e Joanna de Angelis, Florações Evangélicas

Bibliografia:
Evangelho segundo o Espiritismo, Cap V, item 14.
Divaldo Franco ditado pelo espirito Joanna de Angelis; O homem integral
Divaldo Franco ditado pelo espirito Joanna de Angelis; Florações Evangélicas
Divaldo Franco ditado pelo espirito Joanna de Angelis; Libertação pelo Amor.
(Artigo publicado na Revista Espírita da Mansão do Caminho, editora LEAL.)